Monday, September 21, 2009

Amor em tempos de ceticismo



Pirando num livro de um cara chamado Alain de Botton. Se alguém o fosse descrever, talvez dissesse “é um livro que fala de amor”; e essa seria uma definição que muito provavelmente me afastaria desse livro. Porque eu sinto que falar bem de amor é algo quase impossível nos dias de hoje. Porque as últimas coisas que eu li sobre esse tema não me trouxeram nada de novo e eu achei sacal aquele amontoado de lugares-comuns superficiais, e fez com que lá no meu íntimo eu considerasse esse papo bem chato e irrelevante. É um assunto óbvio. E conseguir olhar diferente pra algo óbvio é bem difícil. Mas eis que me deparo com esse livro, que é a história de um triângulo amoroso só que contado sob um ponto de vista bem filosófico. E é aí que a coisa fica mais intensa. Ele se dedica a decifrar a personalidade dos personagens numa viagem psicológica através dos pequenos atos e pensamentos e aspirações românticas de cada um, utilizando citações e referências de vários pensadores. Tô no comecinho, mas já fui fisgado. Este livro me caiu nas mãos por meio de um trecho que li uma vez (como comentei no post passado). Eu tenho a mania de grifar frases e sentenças que chamam a atenção. Contei uma vez pra um professorque sempre me senti meio culpado por isso, por sublinhar e fazer anotações nos rodapés de todos os livros que realmente me identifico. Achava que podia os estar estragando, ou pior: condicionando o próximo leitor a prestar atenção em coisas que eram importantes só para mim. E, ao contar isso, me dei conta de uma coisa: grifar nos revela. Ele concorda, mas não acha perigoso. Acha que grifar nos revela de algumas maneiras que abrem outras perguntas. Eu vou ler este livro sem pressa. Parando de vez em quando e fechando a página pra ficar olhando pro nada.


Em tempo: o livro se chama “O Movimento Romântico”.

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